Ponto de equilíbrio financeiro, econômico e contábil: o que é e como calcular
O crescimento de lojas virtuais tem sido uma das tendências mais marcantes para o varejo nos últimos anos, mas ainda há grandes oportunidades no comércio físico. O grande desafio é superar os custos fixos mensais que todo ponto de venda tem. É a partir do cálculo do ponto de equilíbrio financeiro que você, como gestor, pode saber quanto precisa comercializar para não ter prejuízo.
O que é ponto de equilíbrio
Ponto de equilíbrio é quando a receita total da empresa é exatamente igual à soma de custos e despesas. Ele é calculado para saber quanto, em número de transações ou dinheiro, é preciso vender para bancar as operações sem ter prejuízo.
Vale ressaltar que o ponto de equilíbrio não é a meta de nenhuma empresa, e sim uma referência – o objetivo é ter lucro. Se o ponto de equilíbrio for ultrapassado em R$ 1 real, já quer dizer que a empresa está lucrando.
Ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico
O ponto de equilíbrio contábil é o mais utilizado e mais simples. Nele, divide-se o valor dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição. O resultado é a receita necessária para igualar os gastos.
Há duas variações do ponto de equilíbrio contábil. No ponto de equilíbrio financeiro, a única diferença é que são excluídos dos custos fixos a depreciação dos ativos e outras despesas não desembolsáveis. Isso porque algumas empresas, em seus balanços anuais, incluem a depreciação como custo – por exemplo, se têm um ativo que valia R$ 100 e agora vale R$ 70, esses R$ 30 perdidos entram na lista de custos ou despesas da empresa.
No ponto de equilíbrio financeiro, essa diferença é ignorada, porque apenas o que importa são os gastos que representam um desembolso de dinheiro do caixa da empresa.
A outra variação é o ponto de equilíbrio econômico, no qual o custo de oportunidade é acrescido à soma. Trata-se de uma correção monetária a ser considerada junto com as despesas fixas.
O raciocínio é o seguinte: se o empreendedor não investisse na empresa, ele poderia aplicar o seu dinheiro em um investimento que renderia, por exemplo, 15% ao ano. O ponto de equilíbrio econômico considera essa margem, ou seja, você só “empata” quando pagar as despesas e tiver uma remuneração compatível ao percentual que o dinheiro renderia parado no mercado financeiro.
Como calcular o ponto de equilíbrio
Para encontrar o resultado do ponto de equilíbrio, primeiro você precisa apurar dois fatores:
1. Despesas fixas
Aqui, você vai considerar o custo que tem para manter a empresa em operação, seja qual for a sua produção. Isso inclui o aluguel do escritório ou ponto de venda; salário dos funcionários; água, luz e gás; materiais de escritório, higiene e limpeza; serviços de limpeza, manutenção e segurança; enfim, esse tipo de coisa.
O que não entra nesse cálculo são os seus gastos com os produtos que serão revendidos ou matéria-prima para a produção, impostos sobre as vendas e comissão dos vendedores. Esses custos já estarão embutidos no preço de venda do produto.
2. Margem de contribuição
A margem de contribuição é o ganho bruto sobre as vendas. Além de ser útil para encontrar o ponto de equilíbrio, ela costuma ser usada para calcular o preço de venda dos produtos.
Você soma os custos de produção (produto ou insumos comprados do fornecedor) e as despesas variáveis (impostos sobre vendas e comissão dos vendedores) e acrescenta, sobre o resultado, o valor da margem de contribuição.
Esse excedente servirá, em primeiro lugar, para pagar as despesas fixas da empresa e, depois, para o lucro – remuneração do empresário.
A fórmula
O cálculo mais usado para chegar ao ponto de equilíbrio é muito simples. Você vai somar as despesas fixas do seu negócio e dividi-las pela margem de contribuição. A fórmula é essa:
Ponto de equilíbrio = Despesas fixas / margem de contribuição
No caso do ponto de equilíbrio financeiro, é só desconsiderar a depreciação e outros gastos não desembolsáveis na hora de apurar o montante correspondente às despesas fixas.
Já no ponto de equilíbrio econômico, você acrescenta, a essas despesas, um percentual. Por exemplo, se as despesas são de R$ 50 mil em um ano e você define o custo de oportunidade como 15% desse valor, os custos fixos totais serão de R$ 57,5 mil.
Como aplicar
Você viu que o ponto de equilíbrio é quando as receitas igualam as despesas e não há lucro, e que a margem de contribuição é o valor usado para pagar as despesas fixas e o lucro, certo? A partir daí, é possível concluir que quando amargem de contribuição for igual aos gastos fixos, a empresa está no seu ponto de equilíbrio.
Mas não é por aí que se aplica a fórmula que você acabou de aprender. A margem de contribuição é usada na forma de percentual. Um exemplo: se você gasta R$ 10 para produzir o seu produto e o vende por R$ 13, a sua margem de contribuição é de R$ 3, que equivale a 23% do preço de venda.
Portanto, o primeiro passo a ser tomado é diminuir o custo de produção médio do preço de venda médio dos seus produtos, encontrando a margem de contribuição, e transformar o resultado em percentual. Depois, esse percentual deve ser transformado em um número decimal, para aplicar no cálculo. Isso quer dizer que 23% vira 0,23, assim como 30% viraria 0,3 e assim por diante.
Agora, vamos aplicar tudo isso em um exemplo. Queremos descobrir qual é o ponto de equilíbrio de uma empresa que gasta R$ 50 mil anualmente para seguir operando, e cuja margem de contribuição é de 23%. Vamos ao cálculo:
Despesas fixas = R$ 50.000,00
Margem de contribuição = 23%
Ponto de equilíbrio = Despesas fixas / margem de contribuição
PE = 50.000 / 0,23
PE = 217.391,30
O que isso quer dizer? Que, com esse resultado, para manter a empresa sem ter prejuízo, você precisaria de uma receita bruta de pelo menos R$ 217.391,30 no ano.
Base para outros cálculos
A partir do cálculo acima, você pode chegar a outras conclusões. Vamos seguir no exemplo do produto que vale R$ 13. Imaginemos que ele seja o único item que a empresa vende.
Nesse caso, ao dividir o ponto de equilíbrio, R$ 217.391,30, pelo preço do produto, R$ 13, descobre-se que é necessário vender 16.722,4 produtos para pagar suas despesas fixas.
Com esse tipo de número em mãos, o diagnóstico vai depender das particularidades da empresa. Caso o ponto de equilíbrio ou número de vendas necessárias seja muito alto, uma alternativa é mexer na margem de contribuição. Mas atenção, porque isso implica em um novo preço de venda.
Se ele diminuir, o número de vendas necessário para atingir o ponto de equilíbrio aumenta; se aumentar, o produto pode perder competitividade. Por fim, ainda há a possibilidade de apertar o cinto e reduzir as despesas fixas da empresa.
Seja qual for a saída, o fato é que o primeiro passo para a saúde financeira de um negócio é entender e aplicar as principais ferramentas de controle e monitoramento.
Fonte: Blog Conta Azul
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